dezembro 30, 2009

Tânia era uma rapariga normal.
O seu dia-a-dia repartia-se entre a sua vida familiar, num lar acolhedor, e o trabalho. Eis que subitamente, a modernidade afectou a sua vida tranquila, quando os seus patrões resolveram instalar a sua base de operações num castelo de betão moderno, mas extremamente obscuro.
A falta de luz, o veneno dos entes submundanos que a rodeavam naquele grande e novo castelo de terror, conduziram Tânia a uma vida paralela à vida.
Para sobreviver, Tânia tem que morder.
Não perca!

by um AMIGO

março 20, 2009

Lágrima de preta...

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as basese os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão

janeiro 09, 2009

2009

Neste inicio de ano, após os festejos, os bolos, o empaturrar das comidas e afins, sobrevem a reflexão...

Não imposta. Sorrateira, que se prende nos meandros do pensamento e que te faz rever o que se passou.

O que sonhaste e o que conseguiste. O que ficaste feliz por não conseguir...

Existe sempre a sensação que afinal o ano passou a correr. Mais uma vez. Não estivémos com a nossa família o tempo suficiente, que não ligámos aquele amigo de quem nos lembramos todos os dias sem excepção, mas também sem excepção, o falar para pôr a conversa em dia é sempre adiado para um amanhã que não chegou e com isto decorreram 365 dias... Ou 366.

O filme que não vi. A viagem que, mais uma vez, não fiz. O cafézinho ao fim da tarde, na esplanada, que não se proporcionou. No fim, o que sobrou de um ano passado entre trabalho, trânsito, limpezas, compras de supermercado, longe de tudo e de todos?

Houve os novos amigos que se fizeram. Os conhecidos que passaram a amigos. Os amigos que se desligaram e passaram a conhecidos.

Os que foram agradáveis surpresas. E os que não foram.

Os que se mantiveram iguais a si, todos os dias, em cada dia, por mais anos que passem.

E a rotina que amedronta mas, de uma forma ou de outra, todos nós lá caímos. E o que importa não é estarmos na rotina, mas sim as rotinas que criámos e se estas nos espelham como individuos e como filosofia de vida.

O ser mais. O conseguir mais. O ganhar mais. O trabalhar mais. O ter um carro melhor e a casa maior. O telemóvel de 500 euros, porque se fôr de 400 já é chunga. Já não é top of the pops... É isto que desejo para mim? Mas assim, mesmo mesmo desejar e não o querer ter porque a sociedade blá blá blá................

Chego sempre à mesma conclusão: não sei.

Se calhar, é mesmo isso que me impele para a frente, todos os dias. O não saber o que quero, mas saber exactamente, ao pormenor, o que não quero!

O mais divertido das reflexões é ainda as resoluções de ano novo. Todos os anos nos prometemos a nós próprios que este sim vai ser o ano em que iremos ao ginásio, certinho, como deve ser, todas as semanas. Sim, vamos só comer peixe cozido e legumes e só beber água! Vamos todos abrir uma conta poupança para as férias e não usar o cartão de crédito. Todos vamos de certeza ao médico, fazer os check-ups como deve ser!

E depois? Depois o tempo arrasta-se languidamente, desliza como por entre o veludo carmesim e esvai-se como um último fôlego... E passou-se.

Depois de tanto reflectir, acabei por me maravilhar com as coisas pequenas e só tenho uma vontade este ano: sorrir e rir, tanto quanto me fôr possível. Rir com os meus pais, rir com os meus amigos. Rir sozinha! Sorrir e rir enternecida com o rebento que na nossa casa entrou! Vê-los todos crescer e escolher e arrastar nas nossas rotinas e rituais e sorrir.

Porque fico mais feliz. Porque fico mais leve. Porque me faz enfrentar todo o resto da rotina. Porque sei o que não quero. E eu não quero perder a noção dos meus e da importância que eles me fazem e do sentido de vida que me dão.


Assim, papá, mamã, avó, manoca, cunhado, sobrinho, namorado, amigos, conhecidos e demais estranhos que se tornem conhecidos, este ano a minha resolução de ano novo sois vós!!!

novembro 28, 2008

O medo do "next move", by blog do Arrumadinho

Num Blog, de visão masculina, aparece-nos este texto...

"A maior parte dos homens tem imenso medo do "next move", o momento de deixar a casinha da mamã e arriscar uma vida a dois com a namorada.
A casinha da mamã tem imensas qualidades.
Para começar, é à borla - a casa, a comida, as compras, o condomínio, as contas da TV Cabo, água, luz e gás fica tudo por conta dos papás.
Depois, é, verdadeiramente, o nosso espaço - o quarto onde crescemos, onde temos todas as nossas coisas, onde conhecemos cada gaveta, cada segredo, cada história ali passada. Voltar, todos os dias, àquele quarto é regressar à paz depois da guerra, a um abraço quente depois de uma noite fria.
Mas isso justifica que fiquemos até depois dos 30 anos no quartinho da casinha da mamã, quando já trabalhamos, ganhamos o nosso dinheiro e temos tudo para começar uma vida independente? Não, não justifica.
Nunca tive um quartinho na casinha da mamã. Ou melhor, tive, mas nunca vivi o verdadeiro conceito da coisa. Para mim, a liberdade sempre foi uma meta, a independência financeira um objectivo de curto prazo.
Por isso, aos 20 anos fiz-me à vida e troquei a vida familiar por uma aventura com três gajos que não conhecia de lado nenhum num apartamento no centro de Lisboa. Os três gajos que não conhecia de lado nenhum são, hoje, um colega de trabalho - estamos, diariamente, a 3 metros um do outro -, um dos melhores amigos e um companheiro de férias de esqui.
Ao longo de um ano, a vida a quatro naquele T2 ranhoso colado ao Jardim Constantino deu-me para crescer, para perceber o que é ter de gerir dinheiro, pagar contas, poupar, mas também para saber o que é lavar uma casa de banho, manter uma casa arrumada e, sobretudo, partilhar. E é isso o mais importante: partilhar.
Sinto que a maior parte dos homens tem problemas em partilhar. Fecha-se num mundo muito seu e tem uma perspectiva egoísta da vida, do imediato. Pensa no longo prazo mas nunca no presente.
E a vida é o presente. É, sobretudo, o presente.
Por isso, o primeiro passo para que se possa pensar numa vida a dois é, precisamente, começar a pensar a dois.
Um homem que não pense a dois nunca aceitará trocar o quartinho por uma casa com a namorada.
O "next move" pode ser um risco. Pode ser um fiasco. Pode ser o embate com uma realidade desconhecida e que levará, até, ao fim de uma relação. Mas, para mim, o "next move" é, sobretudo, uma lição de maturidade e aprendizagem.
Não deve ser encarado como um "vamos lá ver se isto funciona numa vida em comum", mas sim "vamos lá aprender a ser felizes vivendo 24 horas por dia juntos".

Se assim for, o "next move" é apenas o primeiro "move" para uma vida feliz."

setembro 29, 2008

Acerca das chuvas em Lagos...

Apanhei o Cristo crucificado a fazer uma amona à Nossa Senhora da Conceição...

*This is a local joke for local people. Are you local?

julho 17, 2008

junho 18, 2008

Por vezes, tudo o que precisamos é de um abraço...

E tudo começou com um video no youtube, que havia sido votado como "o mais inspirador"...
De facto, há algo de raro, nos dias que correm, nas manifestações espontâneas e desinteressadas de afecto.
A estranhos, principalmente.
E se aquele estranho é um serial killer? E se me vai roubar? Não tenho tempo para perder, quando deslizo pela rua, a mil à hora, no meio das minhas complicações mentais sem sequer vislumbrar os traços da imensidão de faces que cruzam o meu caminho...
Assim, após um vídeo que inspira de facto aqui fica o link para uma página com uma ideia que, não oferecendo nada de novo e nada de milagroso, de facto é, actualmente, extremamente original...


http://www.freehugscampaign.org/



Pois é!

"On the whole, human beings want to be good, but not too good, and not quite all the time."

George Orwell

junho 04, 2008

Balada de Despedida do 5º Ano Jurídico 88/89 pela Toada Coimbrã

Há algo que nos transporta para um mundo só nosso...
De dor e alegria. De um misto de nostalgia e mais um não sei quê que não se escreve.
Não sou de Coimbra. Não sou. Não seria nunca de outro sítio, que da minha casa...
Mas há algo que nos transcende, que nos une e que nos envolve numa emoção e união incomum.
Esta é uma delas...


"Sentes que um tempo acabou
Primavera de flor adormecida,
Qualquer coisa que não volta que voou,
Que foi um rio, um ar, na tua vida.

E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra.

Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p’rá vida.

Sabes que o desenho do adeus
É fogo que nos queima devagar,
E no lento cerrar dos olhos teus
Fica a esperança de um dia aqui voltar.

E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra.

Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p’rá vida."