São como um cristal, as palavras.
Algumas, um punhal, um incêndio.
Outras, orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos, as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes, leves.
Tecidas são de luz e são a noite.
E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta?
Quem as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
1 comentário:
Acho que Eugénio de Andrade conseguiu brilhantemente, servir-se das palavras para as explicar na sua essência. Um misto entre o bem e o mal, a delicadeza de algumas, a frieza de outras, a nostalgia que algumas carregam ou a insegurança que revelam duma forma desamparada, inocente e leve, porque as coitadas nada são sozinhas.
O segredo da sua mensagem está na forma como as pronunciamos e de como as ouvimos. Tão simples quanto isso!
...
Adoro este poema!
bjs
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