dezembro 12, 2007

De Évora saem poetas assim....

Já ali não estavas. Quando te pedi já
nunca tinhas existido; nem eu nem a rocha
na pequena praia onde estivéramos. Depois
foram todos os nomes do corpo: eu tentava
mas não conseguia reuni-los. Ficariam
como os pedaços daquele vaso que não se pode
reconstruir todo porque é menor que as suas
partes. E depois foram desaparecendo, levando-me
o próprio nome e a fala do mundo.
Já não existiam nem eu existia já.
Já nunca tínhamos existido agora.

Manuel Gusmão

1 comentário:

Explicações disse...

"Não sei que tenho em Évora, que de Évora me estou lembrando..." :)

Não sei que comente. Se a tua "entrada", se o poema lindo que quiseste partilhar.

Parabéns ao autor e ao teu belíssimo bom gosto.

Deixo um poema de um outro eborense, escrito a pensar nesta bela cidade.


Cidade Minha Namorada

No largo encontro marcado.
Firme, por ti esperava,
Por mais voltas que desse,
Becos, sugestivas travessas,
Carícias, recordações vividas
Que, d’tudo me lembrara.


À , a teus encantos rendido,
Dentro de ti rodopiara,
Dei voltas e mais voltas.
Sinuosas ruas, curvilíneas.
Terno e esperado convite
Q’nos teus braços m’deliciara.


Companheira d’uma vida
Sempre contigo dançara,
Volta e meia, meia volta,
Redondas praças, perfeitas.
Breve, fogosa aventura.
Louco! Tua boca beijara.


Perdido p’los teus amores
Só em ti m’encontrara.
As voltas que o mundo dá!
A uma deusa dedicaram
Depois disseram que não
Quem não, n’teu Templo rezara!


Júlio Amaral