dezembro 03, 2007

O eternamente mutável... Perfeito!

“Quando vier a primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.“


Alberto Caeiro

2 comentários:

Vera disse...

Muito Melancólica...
Viver a Primavera é viver e viver muito. Apreciar todas as coisas boas que a vida oferece e ser feliz...
Muitos beijos no coração

Explicações disse...

Eu não o considero melancólico! Muito pelo contrário! Bem lido e interpretado dá-nos uma mensagem de esperança. A visão de uno, universal, parte integrante de um todo... transmite calma, confiança e muita serenidade.
A única coisa que não podemos evitar, a única coisa que não podemos remediar é, sem dúvida a morte. Neste sentido, a morte será então o pior acontecimento de todos! Mesmo sendo o pior que nos pode acontecer não vai privar o resto do mundo de poder desfrutar de mais uma Primavera! A celebração da vida continua mesmo depois de uma morte! É isso que importa! Seguir o percurso natural da vida e aceitar todas as suas fases é o objectivo primário! Saber que, por muito difíceis que sejam os obstáculos, haverá sempre um raio de Sol, um novo florir, um chilrear de bom dia ao mundo!

Vivam os poetas! E as suas palavras que tanto nos consolam em todos os momentos das nossas vidas!
Vivam!