fevereiro 27, 2008

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Take this test!
Most right-brained people like you are flexible in many realms of their lives. Whether picking up on the nuances of musical concerto, appreciating the subtle details in a work of art, or seeing the world from a different perspective, right-brained people are creative, imaginative, and attuned to their surroundings.


People probably see your thinking process as boundless, and that might translate to your physical surroundings as well. Some people think of you as messier than others. It's not that you're disorganized, it's just that you might use different systems to organize (by theme, by subject, by color). Straight alphabetization and rigidly ordered folders are not typical of right-brained behavior.


You are also more intuitive than many. When it comes to reading literature, you probably prefer creative writing or fiction over nonfiction. And when it comes to doing math, you might find you enjoy geometry more than other forms like algebra.

fevereiro 08, 2008

Sometimes.

Sometimes I wonder about my life.
I lead a small life. Worth while, of course, no demeanour on that account. Nonetheless, a small life...

So, I came to question whether my life is what it is because I wanted it, or have I just not been brave enough?
Why is it, that our phantoms of the future to come, rarely resemble the ones that have preceded them?
I am 26. Did you know that?
Should’ve foreseen that my present would be so different from the future that I had imagined?
Can’t help feeling unaccomplished…

Somehow, somewhere, something went so wrong. When was it?
Got a strange sensation that along the way, there’s a dream of a “don’t know what” that I’m not able to grasp.
Why?
Don’t know. Even now, wondering and going through my deepest thoughts, I haven’t a clue.
I know what I don’t want. Is that good enough to walk on? Walt Whitman said once “Two roads diverged and I, I took the one less travelled by. And that made all the difference.”
Well, I say good for you, Walt. At least you were headed to something.
The fight never vexed me, that’s a fact. It’s not knowing, or feeling, what and how to fight for, that pains me.

One day... Who knows? The future will present himself as the here and now...

fevereiro 07, 2008

Depois admiram-se...

Os homens europeus descem sobre Marrocos com a missão de recrutar mulheres.

Nas cidades, vilas e aldeias é afixado o convite e as mulheres apresentam-se no local da selecção. Inscrevem-se, são chamadas e inspeccionadas como cavalos ou gado nas feiras. Peso, altura, medidas, dentes e cabelo, e qualidades genéricas como força, balanço, resistência.

São escolhidas a dedo, porque são muitas concorrentes para poucas vagas. Mais ou menos cinco mil são apuradas em vinte e cinco mil.

A selecção é impiedosa e enquanto as escolhidas respiram de alívio, as recusadas choram e arrepelam-se e queixam-se da vida. Uma foi recusada porque era muito alta e muito larga.

São todas jovens, com menos de 40 anos e com filhos pequenos. Se tiverem mais de 50 anos são demasiado velhas e se não tiverem filhos são demasiado perigosas. As mulheres escolhidas são embarcadas e descem por sua vez sobre o Sul de Espanha, para a apanha de morangos.

É uma actividade pesada, muitas horas de labuta para um salário diário de 35 euros. As mulheres têm casa e comida, e trabalham de sol a sol.

É assim durante meses, seis meses máximo, ao abrigo do que a Europa farta e saciada que vimos reunida em Lisboa chama Programa de Trabalhadores Convidados. São convidadas apenas as mulheres novas com filhos pequenos, porque essas, por causa dos filhos, não fugirão nem tentarão ficar na Europa. As estufas de morangos de Huelva e Almería, em Espanha, escolheram-nas porque elas são prisioneiras e reféns da família que deixaram para trás.

Na Espanha socialista, este programa de recrutamento tão imaginativo, que faz lembrar as pesagens e apreciações a olho dos atributos físicos dos escravos africanos no tempo da escravatura, olhos, cabelos, dentes, unhas, toca a trabalhar, quem dá mais, é considerado pioneiro e chamam-lhe programa de “emigração ética”.

Os nomes que os europeus arranjam para as suas patifarias e para sossegar as consciências são um modelo. Emigração ética, dizem eles.

Os homens são os empregadores. Dantes, os homens eram contratados para este trabalho. Eram tão poucos os que regressavam a África e tantos os que ficavam sem papéis na Europa que alguém se lembrou deste truque de recrutar mulheres para a apanha do morango. Com menos de 40 anos e filhos pequenos.

As que partem ficam tristes de deixar o marido e os filhos, as que ficam tristes ficam por terem sido recusadas. A culpa de não poderem ganhar o sustento pesa-lhes sobre a cabeça.

Nas famílias alargadas dos marroquinos, a sogra e a mãe e as irmãs substituem a mãe mas, para os filhos, a separação constitui uma crueldade. E para as mães também.

O recrutamento fez deslizar a responsabilidade de ganhar a vida e o pão dos ombros dos homens, desempregados perenes, para os das mulheres, impondo-lhes uma humilhação e uma privação.

Para os marroquinos, árabes ou berberes, a selecção e a separação são ofensivas, e engolem a raiva em silêncio.

Da Europa, e de Espanha, nem bom vento nem bom casamento. A separação faz com que muitas mulheres encontrem no regresso uma rival nos amores do marido.

Que esta história se passe no século XXI e que achemos isto normal, nós europeus, é que parece pouco saudável. A Europa, ou os burocratas europeus que vimos nos Jerónimos, tratados como animais de luxo, com os seus carrões de vidros fumados, os seus motoristas, as suas secretárias, os seus conselheiros e assessores, as suas legiões de servos, mais os banquetes e concertos, interlúdios e viagens, cartões de crédito e milhas de passageiros frequentes, perdeu, perderam, a vergonha e a ética.

Quem trata assim as mulheres dos outros jamais trataria assim as suas.

Os construtores da Europa, com as canetas de prata que assinam tratados e declarações em cenários de ouro, com a prosápia de vencedores, chamam à nova escravatura das mulheres do Magreb “emigração ética”.

Damos às mulheres “uma oportunidade”, dizem eles.

E quem se preocupa com os filhos?

Gostariam os europeus de separar os filhos deles das mães durante seis meses?

Recrutariam os europeus mães dinamarquesas ou suecas, alemãs ou inglesas, portuguesas ou espanholas, para irem durante seis meses apanhar morango? Não.

O método de recrutamento seria considerado vil, uma infâmia social. Psicólogos e institutos, organizações e ministérios levantar-se-iam contra a prática desumana e vozes e comunicados levantariam a questão da separação das mães dos filhos numa fase crucial da infância.

Blá, blá, blá.

O processo de selecção seria considerado indigno de uma democracia ocidental. O pior é que as democracias ocidentais tratam muito bem de si mesmas e muito mal dos outros, apesar de querem exportar o modelo e estarem muito preocupadas com os direitos humanos.

Como é possível fazermos isto às mulheres? Como é possível instituir uma separação entre trabalhadoras válidas, olhos, dentes, unhas, cabelo, e inválidas?

Alguns dos filhos destas mulheres lembrar-se-ão.

Alguns dos filhos destas mulheres serão recrutados pelo Islão.

Esta Europa que presume de humana e humanista com o sr. Barroso à frente, às vezes mete nojo.

Clara Ferreira Alves

fevereiro 06, 2008

Em jeitos de oferta...

From childhood's hour I have not been
As others were; I have not seen
As others saw; I could not bring
My passions from a common spring.
From the same source I have not taken
My sorrow; I could not awaken
My heart to joy at the same tone;
And all I loved, I loved alone.
Then- in my childhood, in the dawn
Of a most stormy life- was drawn
From every depth of good and ill
The mystery which binds me still:
From the torrent, or the fountain,
From the red cliff of the mountain,
From the sun that round me rolled
In its autumn tint of gold,
From the lightning in the sky
As it passed me flying by,
From the thunder and the storm,
And the cloud that took the form
(When the rest of Heaven was blue)
Of a demon in my view.

Edgar Allan Poe